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Dr. José Araújo Martins

  • pedroalbertoescada
  • 27 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

O Doutor José Miguel de Araújo Martins é candidato a Vogal da Comissão Cientifica de Ensino e Investigação da lista “União e Juventude” para o próximo mandado da SPORL-CCP.

 

Graduou-se em Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa em 2008 e concluiu a especialidade de Otorrinolaringologia no Hospital de São José em 2015.

 

Desde essa data trabalhou no Centro Hospitalar do Oeste e tem feito, como muitos outros médicos Otorrinolaringologistas uma transição gradual para a prática privada.

 

Nesta entrevista tentaremos responder a uma questão que é colocada por muitos outros colegas da especialidade. É possível fazer investigação em Otorrinolaringologia mesmo estando fora de uma grande instituição pública ou privada universitária?

  

José, quando começou a interessar-se pela investigação?

O meu interesse com a investigação começou no 4º ano da faculdade, tendo estado ligado a projetos de investigação da área da Imunoalergologia. Nesse âmbito desenvolvi várias atividades: epidemiológicas, clínicas e laboratoriais. Participei no desenho de projetos e em candidaturas à FCT, e consegui algumas bolsas durante este período.

 

Doutorou-se em 2018, apresentando uma tese com o título Fisiopol: Fatores Fisiológicos na Etiologia da Polipose Naso-Sinusal. Pode desenvolver um pouco?

Como estive ligado à Disciplina da Fisiopatologia na Faculdade de Ciências Médicas como docente, o meu projeto esteve em linha com esse meu background. Resolvi investigar a presença de associações entre a ventilação nasal compartimental e o comportamento da polipose nasal. Para isso construí um protótipo de um rinomanómetro diferencial com o apoio de uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Consegui demonstrar que pressões inferiores a um determinado valor no compartimento médio nasal poderão facilitar o desenvolvimento de pólipos nasais. A novidade da minha tese foi a de explorar a possibilidade de que mecanismos fisiopatológicos para lá daqueles que estão relacionados com a inflamação e os seus mediadores, também poderem ter um papel na etiologia da polipose naso-sinusal.  

 

Quem foi ou foram os orientadores da sua tese de doutoramento?

O Professor Doutor Nuno Neuparth, Imunoalergologista, foi o Orientador; e o Professor Doutor João Paço foi Co-Orientador.



José, que atividades de investigação desenvolveu depois do seu doutoramento?

Continuei, já no Centro Hospitalar do Oeste, a investigar na mesma área da minha tese. Por exemplo, em 2020 publiquei um trabalho numa revista do grupo Nature, a “Scientific Reports”, com o título: “The potential role of peak nasal inspiratory flow to evaluate active sinonasal inflammation and disease severity”.

 

Pode falar um pouco do Centro de Investigação no Centro Hospitalar do Oeste?

Além das minhas próprias investigações, criei em 2016 um Centro de Investigação no Centro Hospitalar do Oeste, de que fui Diretor até me ter desvinculado da instituição em 2023. Foi um enorme desafio, criar um centro vocacionado para ajudar os colegas a desenvolverem os seu projetos de investigação numa instituição fora dos grandes centros.

 

José, de facto o seu percurso na investigação é singular e pode servir de exemplo para outros. Que conselhos pode dar aos otorrinolaringologistas que estão fora dos grandes hospitais centrais e que mesmo assim querem fazer investigação?

Um dos papeis que a Comissão de Ensino e Investigação deverá ter no mandado de 2025-2028 é precisamente esse. Mas posso adiantar já alguns curtos conselhos:


1. É possível investigar fora de um hospital central;

2. A investigação deve relacionar-se diretamente com as atividades desenvolvidas nos serviços onde trabalhamos;

3. A investigação deve dar resposta a uma necessidade do serviço ou da população onde estamos inseridos;

4. O investigador deve definir bem o que pretende realizar e em que período temporal e tem que ser persistente na prossecução desses objetivos;

5. É importante (e esse pode também ser um dos papeis da SPORL-CCP) melhorar a literacia científica de todos os otorrinolaringologistas, para melhor saberem planear, desenvolver e comunicar os seus estudos científicos;

6. Os médicos têm que ter remuneração ou tempo próprio e protegido para a investigação;

7. É importante apostar em estudos multicêntricos que obrigam ao partilhar de competências entre médicos de diferentes instituições e backgrounds e aumentam enormemente a aceitação dos resultados para publicação.


José Miguel, obrigado pela sua disponibilidade para a entrevista e desejo que a Comissão de Ensino e Investigação possa contribuir num futuro próximo para a investigação na Otorrinolaringologia portuguesa, nos grandes centros e fora deles!

 
 
 

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